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PARQUES LIVRES, UM MANIFESTO A LIBERDADE

Atualizado: 26 de out. de 2020


Foto Sylvia Mielnik




OPINIÃO Matheus Muradás



Por vezes, vemos a questão das áreas verdes ser escanteada pelos governos e partidos. Do lado direito veem como um peso a se livrar e privatizar e do outro veem como pauta de classe media de Oslo. Mas afinal,  porque parques e áreas verdes são tão importantes para as cidades? Quais as funções dos parques urbanos? Parques não intensificam a gentrificação e a especulação imobiliária, logo seriam nocivos para as cidades?


Começando pelo tema da gentrificação. É verdade que a implantação de parques valoriza os bairros onde é implantado. Ter um cantinho verde e esse contato com a natureza é essencial para todos e é sim cobiçado. No entanto, é absolutamente equivocado a defesa de alguns urbanistas, de que parques não deveriam ser implantados,  pois causam gentrificação. O que causa gentrifIcação São os especuladores.  Parques pelo contrário, é uma questão de igualdade,  a defesa deveria ser que todos os bairros devam ter mini- parques.


Como na música de Roberta Campos, todos querem um lugarzinho de paz, todos tem o direito de ter um lugar ao sol. Vejam o trecho da música: 


Eu queria ter na vida simplesmente

Um lugar de mato verde

Pra plantar e pra colher

Ter uma casinha branca de varanda

Um quintal e uma janela

Para ver o sol nascer


É isso e nada mais... O cantor Dexter, enquanto esteve preso, afixou este trecho de música em sua mente. Uma de suas letras mais bonitas,  cita esse trecho. No momento de encarceramento, o sentimento que o poeta nutriu para ter a liberdade foi sintetizado nesses versos. Moradia e paz,  simples assim.


No fim é isso que todos estamos buscando. Parques propagam este sentimento de liberdade, de paz e equilíbrio. 

Viver livre de  relações sociais nocivas,  violentas, mesquinhas e interesseiras, é isso que todos queremos. 


As áreas verdes são os últimos espaços públicos que resguardam relações comunitárias legítimas e vivas. Livres da influência de organizações religiosas,  livre de relações humanas,  meramente econômicas. Em parques a relação é de olho no olho e não meramente uma relação de cliente e consumidor.


 O sorriso de um vendedor para o cliente, tem um interesse primordial, vender. O sorriso de uma criança para seu avô,  tem também um objetivo,  manter viva a essência da humanidade. Não somos robôs lobotomizados a consumir, somos seres humanos.


O que faz aquelas senhoras se reunirem para praticar ginástica? O que faz os jovens escoteiros irem pra dentro da mata? O que faz as rodas de capoeira girarem? O que faz os revolucionários do sarau declamar? O que faz os corredores, ciclistas, futebolistas e atletas praticar? O que faz os observadores de aves e plantas contemplar? O que faz um pai caminhar com seus filhos? O que faz a mãe reunir a família?


Manter viva a essência humana!


Enquanto uns querem que parques virem shoppings, outros escolhem o abandono. Nós escolhemos ressignificar. Ressignificar a existência é uma evolução natural. A arrogância, o orgulho e o egoísmo destroem o poder bravio da humanidade. Teko porã é a re-existência do homem com a mata. A essência está na vida em coletivo. Viva a resistência Guarani, Ianomani e Potiguará. Viva a comuna de Astúrias. Viva a resistência Vietcongue. Viva a guerrilha cubana. Viva os druídas e xamãs. Viva o grande parque amazônico. Viva a todas as resistências que surgiram das matas. É das florestas que renascerá a nova matriz da liberdade.





 

Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do Fórum Verde, um ambiente de debates que reúne diversidade de pontos de vista, embora apontem todos para a mesma direção, que é a da proteção, preservação, recuperação, ampliação e uso sustentável das áreas verdes públicas da cidade de São Paulo.

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