REPOSITÓRIO DE IDEIAS
Circulação de pesquisas e matérias relacionadas ao meio ambiente. Envie suas sugestões
Diretora de Meio Ambiente da OMS: “70% dos últimos surtos epidêmicos começaram com o desmatamento”
Juan Miguel Hernandez Bonilla
06/02/2021
El País
Milena de Moura Régis, Doutoranda, Universidade de São Paulo - USP, Brasil
Pedro Luiz Côrtes, Professor Doutor, Universidade de São Paulo - USP, Brasil
Publicado em janeiro de 2023 nos ANAIS do I Simpósio Brasileiro de Águas Urbanas (Edição especial do Scientific Journal ANAP - Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista,
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UNESP - Câmpus de Botucatu e o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade Brasil).
Pode ser acessado (em PDF) em
https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/anap/issue/view/297
Informações Relevantes:
1) Os parques urbanos ocupam a agenda política da anterior e da atual/reeleita gestão do município de São Paulo.
2) O Plano de Governo de 2020 (DIRETRIZES DO PLANO DE GOVERNO, 2020), deixa claro que a qualidade ambiental e a infraestrutura verde não é percebida como um serviço essencial para a Cidade.
3) Concessões e parcerias como o setor privado são vistos pelas gestões anterior e atual como
prioridades.
4) Nesse contexto, a participação popular e democrática da população é essencial para evitar a criação de espaços excludentes.
5) É necessário considerar, segundo Rodrigues e Abrucio (2019), que “a insuficiência do Estado não deve ser utilizada como o principal argumento para a defesa das concessões”. Pois, além de limitar intervenções do Estado, a proposta neoliberal de concessões dos serviços ebens públicos levam a um aumento de tarifas, redução de postos de trabalho e comprometimento da qualidade dos serviços prestados. Na gestão de parques urbanos, de acordo com Rodrigues e Abrucio (2019), as concessões criam uma situação de dependência que compromete as
funções públicas desses fragmentos florestais.
6) - Ibes (2015) ressaltou que os parques urbanos são frequentemente subestimados, mas esses espaços são agentes de mudança e têm potencial para transformar as cidades em locais mais justos, sustentáveis e habitáveis. Uma vez que, os parques oferecem benefícios para o bem-estar físico, psicológico e social dos cidadãos urbanos, por isso, as políticas públicas
devem considerar os aspectos socioambientais para melhorar o uso dessas áreas verdes
(MOORE et al., 2010)
Resumo:
Os parques urbanos desempenharem diferentes e importantes funções nas cidades, proporcionando inúmeros benefícios ambientais e melhorando a qualidade de vida da população citadina. Os estudos que abordam o valor dos parques urbanos, bem como,
discutem a relevância do planejamento municipal e de políticas públicas voltadas à construção
de cidades ambientalmente saudáveis são essenciais. Tais aspectos justificam o desenvolvimento deste estudo, que teve por objetivo identificar se os parques urbanos fazem parte da agenda política da anterior e da atual gestão do Município de São Paulo/SP. Para o
desenvolvimento do referencial teórico deste estudo foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados ProQuest, Scielo, Scopus, nas quais buscou-se artigos publicados entre 2010 e 2020. Para identificar se os parques urbanos fazem parte da agenda política da anterior e da atual gestão do Município de São Paulo/SP, foi realizada uma pesquisa documental, para isso,
foram consultados o Plano de Governo e as Diretrizes do Plano de Governo da atual/reeleita gestão da cidade de São Paulo. Os dados revelaram a importância dos parques urbanos para a manutenção da qualidade ambiental nas áreas urbanas e para qualidade de vida da população que reside e transita pelas cidades. Bem como, evidenciou que os parques urbanos integram a
agenda política da anterior e da atual/reeleita gestão do município de São Paulo. Sendo assim,
os parques urbanos estão entre os temas aos quais a gestão municipal tem dedicado sua atenção e vem desenvolvendo um conjunto de alternativas de ação para manutenção dos
parques.
(Bani Szeremeta e Paulo Henrique Trombetta Zannin, ambos da UFPR Curitiba)
Informações relevantes:
1. Barton e Pretty(2010) determinaram, por meio de um estudo de meta-análise, que apenas a “dose” de cinco minutos de exercício em áreas naturais (“exercício verde”) é suficiente para trazer melhorias em indicadores da saúde mental (humor e autoestima), sugerindo benefícios imediatos.
2. Hansmann et al.(2007) analisaram, a partir de inquéritos, mudanças de curto prazo no bem estar subjetivo e na percepção dos níveis de estresse agudo relacionados a uma única experiência de visita em dois espaços verdes diferentes, um parque e uma floresta. Não constataram diferenças estatísticas nos efeitos de reparação entre os ambientes estudados. Mas, observaram que
o estresse agudo de diferentes amplitudes pode ser efetivamente reduzido visitando estas áreas. O exercício de maior intensidade (vigoroso) foi associado com uma maior redução do estresse e aumento da sensação de bem estar (“equilíbrio mental”) em comparação as demais atividades analisadas (caminhada, relaxar, observar a natureza).
3. É necessário que os parques apresentem uma infra-estrutura apropriada, programação de atividades, ambientes agradáveis e salubres, e facilidade de acesso (entre outros fatores positivos), para que com isto as pessoas se sintam atraídas e motivadas a frequentá-los (FISHER et al., 2004; PRETTY et al., 2005; DAWSON et al.,2007; KAMPHUIS et al., 2007, COHEN et al., 2007; CASSOU
2009, COHEN et al., 2010).
4. Fica evidente que a condição ambiental é um importante indicador de qualidade de vida pelo fato de poder influenciar um comportamento fisicamente ativo (SALLIS et al.,1997; KAHN et al., 2002; OWEN et al., 2004; BEDIMO-RUNG et al., 2005; GODBEY et al., 2005; HOEHNER et al., 2005; GILES-CORTI et al., 2005; SALLIS et al., 2006; KACZYNSKI;HENDERSON,2007; MOWEN
et al., 2008; CASSOU, 2009).
Resumo:
Os parques urbanos são áreas verdes que podem trazer qualidade de vida para a população. Pois proporcionam contato com a natureza e suas estruturas e qualidade ambiental, quando adequadas e atrativas, são determinantes para a realização de atividade física e o lazer. Estas atividades trazem diferentes benefícios psicológicos, sociais e físicos a saúde dos indivíduos, como, por exemplo, a redução do sedentarismo e amenizar o estresse do cotidiano urbano. Assim, o planejamento correto e a conservação de parques públicos se revelam como significativa estratégia para uma política efetiva do projeto urbano e da saúde pública. O objetivo deste artigo, por meio de uma revisão não sistemática, foi identificar os fatores sociais e ambientais dos parques que os tornam mais atrativos para a atividade física. Constatou-se que a beleza da paisagem e a proximidade de um parque, ao local de moradia dos usuários, são os principais fatores que incentivam uma utilização frequente para a atividade física e o lazer.
Experiência de ócio como possibilidade de prevenção à Sindrome de Burnout
Regina Heloisa Maciel, José Clerton de Oliveira Martins, Fernando Hugo Portela Pimentel (todos da Universidade de Fortaleza - UNIFOR) e Adriana de Alencar Gomes Pinheiro (Faculdade de Tecnologia Intensiva– FATECI). Publicado na Psicologia Revista, São Paulo (PUC-SP), volume 24, n.2, 311-326, 2015. Acesso em https://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/view/27803
Informações relevantes:
- A experiência do ócio é capaz de transformar o indivíduo que esgotou-se pelo trabalho e de prevenir a Sindrome de Burnout;
- O ócio propicia o crescimento pessoal, a auto-expressão e a estruturação da identidade, por meio de um processo de aprendizagem natural e de escuta mais apurada de si e do outro, o que possibilitaria ao indivíduo a postura de protagonista de sua existência.
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo pensar na experiência de ócio como uma possibilidade de ação preventiva e/ou curativa para os indivíduos acometidos pela síndrome de burnout. Esta reflexão parte de uma compreensão baseada no contexto contemporâneo, marcado pelo signo da pressa, da imediatez e da cultura do consumo, onde se manifesta o burnout, considerado como um dos novos modos de subjetivação na realidade hipermoderna. Partindo do questionamento sobre a experiência do ócio como possibilidade para prevenir ou amenizar os efeitos da síndrome de burnout, procura-se argumentar a partir de evidências trazidas por autores e estudiosos sobre os benefícios do ócio.
(Dulce Ferreira de Moraes, da FAU Mackenzie, em artigo publicado na Revista Nacional de Gerenciamento de
Cidades, v. 08, n. 54, 2020)
Informações relevantes:
1. A avenida Paulista aberta aos domingos e o Parque Trianon são espaços livres públicos que não possuem ações articuladas e conectadas, com visão sustentável e biofílica no contexto territorial. A fata de articulação entre suas dinâmicas compromete a preservação ecológica desse território e o alcance da sustentabilidade urbana.
2. Maior proteção à biodiversidade é verificada no Parque devido ao cumprimento de regulamento, inclusive de proteção ao patrimônio histórico, e a ação fiscalizatória exercida pela sociedade civil, por intermédio do Conselho Gestor dos Parques. A mesma situação não é verificada na avenida nos domingos de Paulista Aberta. Falta de segurança, atos ilícitos e degradação ambiental foram reportados e atribuídos à função da falta de fiscalização por parte do poder público e conscientização ambiental da população.
3. A elaboração de políticas e iniciativas que estimulem o uso dos espaços públicos de modo consciente e sustentável, criando o senso do lugar, afinidade com a natureza e promovendo educação ambiental, podem potencializar a vitalidade urbana de um espaço público, trazer ganhos econômicos, sociais e ambientais para a região, além de impactar na qualidade de vida da população.
Resumo:
O presente artigo traz reflexões sobre a relevância de iniciativas, promovidas pelo governo e pela sociedade civil, voltadas a estimular o contato com a natureza e a preservação de áreas verdes no meio urbano. A pesquisa analisa a contribuição dos espaços livres de uso público no cumprimento de critérios de planejamento urbano ecológico e sustentável e avalia duas tipologias desses espaços na Avenida Paulista: a via (como espaço de lazer aos domingos) e
o parque urbano Tenente Siqueira Campos/Trianon (a maior área verde localizada na avenida). O território delimitado para estudo é a Avenida Paulista, uma centralidade urbana importante e simbólica da cidade de São Paulo, por seu contexto cultural, histórico, turístico, social e econômico. A base teórica subjacente à análise é a interface conceitual das abordagens urbanísticas: Cidades Sustentáveis, Cidades Biofílicas e Cidades para Pessoas. A pesquisa revela que a presença de vegetação na paisagem urbana e o enfoque das atividades e eventos desenvolvidos em espaços públicos afeta o nível de envolvimento da sociedade com as áreas verdes urbanas e a preservação ambiental. Nesse sentido, verifica-se que os aspectos biofílicos (afiliação do homem com a natureza) em espaços públicos constituem fatores para o alcance da sustentabilidade urbana que merecem ser observados nas políticas públicas e no planejamento urbano das cidades que almejam ser sustentáveis.
Qualidade ambiental em parques urbanos: levantamento e análises de aspectos positivos e negativos do Parque Municipal Victório Siquierolli - Uberlândia – MG
(Patrícia Soares Rezende, Josimar dos Reis de Souza, Gustavo Oliveira Silva, Renata Ribeiro Ramos, Douglas Gomes dos Santos, todos da UFU)
Informações relevantes:
1. Entre os diversos benefícios das áreas verdes, pode-se destacar a recuperação ou manutenção das condições microclimáticasconfortáveis à população urbana,minimização das condições atmosféricas críticas (poluiçãodo ar), ação acústica e visual,benefícios sociais e econômicos, como: satisfação e usuários delogradouros em áreas verdes, desenvolvimento de senso conservacionista, atrativosao turismo,recuperação e manutenção dos recursos hídricos; manutenção de espécies de fauna e flora, entre outros (TRINDADE,
1995; BENAKOUCHE, 1994; JIN, 1987).
Resumo:
No atual momento a relação cidade-natureza se encontra cada vez mais problemática, devido à expansão dos espaços urbanos sem planejamentos em que se criam contradições entre as questões socioambientais e os interesses políticos e econômicos. Uma das formas de amenizar os impactos ambientais decorrentes da intensa intervenção antrópica sobre o meio natural é a implantação e preservação das áreas verdes visando a melhoria da qualidade de vida. Estes espaços devem ser públicos e geridos para cumprir seu real papel. Entre os diferentes tipos de áreas verdes podem-se destacar os parques urbanos. O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância desses parques para as cidades e para a própria natureza utilizando como exemplo o Parque Municipal Victório Siquierolli, localizado em Uberlândia - MG. A partir das pesquisas teóricas e levantamentos a campo foi possível traçar conceitos fundamentais da temática como também levantas os pontos positivos e negativos existentes no parque, a fim de propor medidas de recuperação, restauração e preservação. Foram realizadas coletas dos pontos com GPS para a produção de mapas e também levantamento fotográfico. Nota-se que os parques urbanos são espaços que permitem e proporcionam lazer, As pesquisas, educação ambiental, conforto, distração, saúde, interação homem-meio, cumprindo assim um papel fundamental na harmonização do espaço e da paisagem urbana.
Deize Sbarai Sanches Ximenes, Gérsica Moraes Nogueira da Silva, Ivan Carlos Maglio, Júlio Barboza Chiquetto, Luís Fernando Amato-Lourenco, Maria da Penha Vasconcellos, Pedro Roberto Jacobi, Sonia Maria Viggiani Coutinho, Vivian Aparecida Blaso Souza Soares César, do Instituto de Estudos Avançados - USP- e LABVERDE (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU- da Universidade de São Paulo - USP). Publicado na Revista LABVERDE. FAUUSP. São Paulo, v. 10, n. 01, e172291, 2020.
Informações relevantes:
1. Se não forem consideradas no diagnóstico da pandemia as desigualdades e a exclusão social e territorial sistêmica, e que tornam certos lugares e populações mais vulneráveis, corre-se o risco de culpabilizar a cidade como a “inimiga”.
2. Segundo o Plano Municipal de Conservação e Restauração da Mata Atlântica (PMMA, SÃO PAULO, 2017), cerca de 30 % da área do município de São Paulo ainda estão cobertas pelo bioma composto de pequenos fragmentos de Mata Atlântica isolados e trechos em margens de corpos d’água que ainda possuem funções naturais e são capazes de oferecer oportunidades de melhoramento ambiental de todo o conjunto urbano da cidade. É um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo e um dos mais ameaçados.
3. Embora seja reconhecida a importância da cobertura vegetal para as cidades, principalmente para os grandes centros urbanos, não há engajamento ou comprometimento suficientes para deter a degradação ambiental urbana em curso ou tentar reverter seus efeitos prejudiciais à saúde humana, em primeiro lugar (TEEB, 2011).
4. Sobrepondo os mapas de Unidades de Conservação Estaduais e Municipais e do Índice de áreas verdes públicas por habitante, percebe-se a necessidade de um aumento expressivo na produção de áreas verdes e parques urbanos no município, uma vez que, como visto anteriormente, as maiores massas verdes se concentram nos extremos norte e sul da cidade.
5. Os deslocamentos na cidade durante e pós-pandemia para o acesso aos espaços públicos, praças e parques deverá ser reconfigurado, e novas propostas deverão ser implantadas tais como a abertura de ruas para os pedestres nos finais de semana e o incentivo à criação de ciclovias e novas rotas para os ciclistas de forma segura e inclusiva.
6. Tudo indica que será necessário reconstruir as lógicas de funcionamento das cidades atuais visando políticas e diretrizes para alcançarmos cidades conviviais, seguras e sustentáveis que integrem: normas e valores comportamentais priorizando a reorganização dos espaços públicos e semi-públicos integrados à infraestrutura verde, reforçando e dinamizando a rede hídrica e ambiental proposta no Plano Diretor Estratégico de 2014.
RESUMO
As cidades estão sofrendo profundas transformações no campo da saúde, cultura, relações sociais, e principalmente na vida urbana, provocando inúmeras reflexões e questionamentos ao modelo de cidade que poderá ser desfrutada pós-pandemia da COVID-19, destacando a importância e o papel dos espaços públicos e das áreas verdes em períodos excepcionais como no caso da pandemia e para o futuro da vida urbana. Diante da atual situação, este artigo tem por objetivo recomendar diretrizes de convivência e de uso adequado para as áreas verdes e espaços públicos, compatíveis com as exigências da saúde pública para o período da pandemia, até que se tenha uma vacina eficiente, e ao mesmo tempo, colaborar com diretrizes para uma qualidade de vida urbana com maior valorização das áreas verdes, vencida a pandemia. Esse estudo foi baseado na Pesquisa Emoções Momentâneas: Comportamentos e Hábitos Cotidianos Pós-Pandemia (XIMENES et al., 2020), nas revisões de literatura técnica e científica, nas análises das informações disponíveis e no mapeamento das áreas verdes do município de São Paulo. A ressignificação das cidades pós-pandemia deverá abordar a implementação de novas políticas públicas, e meios de apropriação e convivência dos espaços públicos, parques e áreas verdes da cidade de São Paulo, tornando-os mais humanizados, seguros e inclusivos; trabalhando estratégias integradas ao desenvolvimento urbano sustentável na retomada das atividades de lazer, cultura, gastronomia e entretenimento.
Como localizar: