Coletivo criticou indicações políticas e quer qualificação dos administradores. Reunião com conselheiros de 26 parques aconteceu quarta, 19 de agosto.
Os conselheiros dos parques de São Paulo querem mais comunicação com a Prefeitura, menos indicações políticas e mais força e autonomia nas tomadas de decisão. Esse foi o tom da reunião com conselheiros de 26 parques municipais, promovida pelo coletivo Fórum Verde Permanente de Praças, Parques e Áreas Verdes na última quarta-feira, 19.
“Os conselhos dos parques vem sendo fragilizados nas últimas gestões municipais e eles ficam sujeitos aos feudos políticos e interferência de vereadores. Precisamos urgentemente de quadros técnicos qualificados na direção dos parques, que tenham capacidade e disposição de garantir a gestão compartilhada com a sociedade civil”, afirmou Francisco Bodião, integrante do coletivo, sendo apoiado com entusiasmo pelos integrantes da reunião. Estiveram presentes, além dos conselheiros de parques públicos, integrantes de Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) de várias regiões. O Fórum Verde apoia a aplicação de instrumentos de seleção isentos de interferência política na escolha dos administradores dos parques.
Completando um ano de existência, o coletivo empenha-se em ampliar o orçamento da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, assim como a participação da população por meio dos conselhos dos parques. Na reunião do dia 19, expôs também conversas que vem tendo com a Prefeitura a respeito da adoção de medidas preventivas contra a disseminação da pandemia do novo coronavírus, após reabertura de 70 parques.
Na reunião, foram relatadas as atividades do Fórum Verde desde sua criação e a ação conjunta com a Prefeitura no sentido de promover o monitoramento e pesquisas junto aos parques por conta da pandemia. O Fórum Verde convidou instituições acadêmicas (como o IEA e o IEE, da USP) para formatarem em conjunto um protocolo para monitoramento. A Secretaria do Verde acatou itens de uma carta enviada pelo Fórum Verde solicitando tais medidas e dispôs-se a tratar delas com o coletivo, visando reduzir a possível contaminação de usuários dos parques.
Os conselheiros trocaram informações e apontaram situações preocupantes, como o caso do parque Alfredo Volpi, administrado por uma instituição particular. Uma das situações mais graves relatadas na reunião foi apontada pela Conselheira do Parque do Laguinho, Ângela Rodrigues Alves, cuja representatividade está sendo dificultada por determinação das autoridades, "o Parque está fechado e a entrada como Conselheira só pode ser autorizada mediante ofício à Secretaria do Verde e, a entrada, somente acompanhada de dois outros Conselheiros", afirmou ela.
De acordo com a denúncia da representante, os animais estão morrendo, o lago está assoreado e cheio de lixo. Os jacarés de papo amarelo que ali vivem, na região de Interlagos, estariam em condições insalubres e definhando.
Também o Parque Alfredo Volpi, conhecido como Bosque do Morumbi, enfrenta situação deplorável. A Conselheira, Solange Meléndez, relatou que o Parque sofre com o abandono e ficou meses sem um administrador. Apenas na última semana foi nomeado um administrador, que também vai se ocupar de um segundo Parque, o Parque do Povo ..."não entendo como foi reaberto, se nem equipe de faxina existe para limpar os banheiros", afirmou ela..
Participaram da reunião os conselheiros dos parques do Chuvisco, Chácara do Jockey, Aclimação, Ibirapuera, Juliana de Carvalho Torres, Trianon, Mário Covas, Burle Marx, Augusta, Jardim das Perdizes, do Laguinho, Parques na orla da Guarapiranga, Buenos Aires, Alto da Boa Vista, do Carmo, Nove de Julho, do Castelo, do Trote, Previdência, Linear Caxingui, Alfredo Volpi, Cemucam e Luís Carlos Prestes, além de representantes do CADES São Miguel e da Coalizão Pelo Clima.
(Com informações de Ana Aragão e Wellyene Bravo e Claudia Martins)
Comments